Houve brilhantes teóricos que usaram o pensamento para construir as suas teorias, mas não estudaram o próprio pensamento, os tipos e a natureza dos pensamentos. Schopenhauer, Kant, Hegel, Nietzsche ou Sartre não estudaram a forma como gerimos o que pensamos.
Se as palavras ocupam espaço numa conversa, imagine os espaços que ocupam na sua cabeça!
Muitos dos nossos pensamentos surgem espontaneamente, sem que haja uma construção consciente que lhes dê fundamento e isso influencia a forma como agimos. Enquanto vivemos vamos pensando sem a atenção necessária ao ato, coisa que resvala em comportamentos automáticos e, algumas vezes, infundados e superficiais.
Se não estudarmos a unidade mais importante das ciências humanas, o pensamento, como podemos entender-nos? Como podemos ter a noção de quem somos e do que fazemos?
Aquilo que pensamos pode ser objeto de minuciosa análise, uma investigação laboratorial com palavras que revelam emoções, crenças e valores; palavras que aparecem sem que tomemos atenção à sua forma, ao seu tamanho, à sua densidade.
Se as palavras ocupam espaço numa conversa, imagine os espaços que ocupam na sua cabeça!
Imagine-se sem controlo dos seus pensamentos, incapaz de os transformar, à mercê de tudo o que lhe surge em forma de ideia. Como se sentirá se não se detiver na forma como pensa e no conteúdo do seu pensamento? Talvez vivamos assim durante um longo período da vida ou a vida inteira.
Se nós não tivéssemos estudado a célula, que é a fronteira mais importante da biologia, não teríamos produzido nem antibióticos nem vacinas. Se nós não estudarmos e entendermos o que, dentro de nós se passa, não produziremos clareza e lucidez para fazer um caminho, aquele que só somos capazes de escolher se soubermos pensar como fazê-lo.
Paula Capaz





Brilhante reflexão.