Muitas vezes sonhamos em tornarmo-nos outros, termos coisas, fazermos viagens, ganharmos muito dinheiro. Sonhamos como se o sonho fosse impossível de alcançar. E é. O sonho é uma espécie de miragem que inventamos para nos sentirmos melhor, para subirmos a um espaço que não é o nosso e pensarmos que, estar lá, podia ser muito bom. E continuamos com os sonhos como companheiros, à espera das condições para que se cumpram, dos outros para que nos ajudem, do mundo para que nos empurre. Sonhar é colocar, no futuro, os desejos que temos e que, por qualquer razão, não são suficientes, não chegam, são curtos e mostram-nos a pequenez e a fragilidade em que vivemos.

Tal como o sonho que acontece no sono, parece-nos sempre impossível que a realidade coincida com a construção mental que insistimos em criar, mas que não serve para mais do que uma conversa animada entre amigos numa esplanada à beira da praia. O sonho pode ser uma fuga à nossa realidade, uma maneira de não ver o que é insuficiente. Acreditamos que, sonhando, não conseguimos chegar a lugar nenhum, mas insistimos, como se de um jogo se tratasse.

Quando o sonho se transforma em objetivo começamos a crer na possibilidade, a realidade começa a ser nítida, e a clareza na forma como podemos trabalhar para alcançar aquilo em que acreditamos é cada vez maior.

Quando o sonho se transforma em objetivo começamos a crer na possibilidade, a realidade começa a ser nítida.

Quando o sonho se transforma em objetivo começa, dentro de nós, a crescer uma vontade de fazer que supera a sensação mole de sonhar com os amigos à beira da praia, começa-se a mexer na vida, dá-se o primeiro passo, faz-se o primeiro telefonema, o caminho começa a ser traçado a partir da primeira meta e descobre-se que é possível porque se percebe, ao mesmo tempo, que a diferença entre o sonho e o objetivo é que o primeiro é onírico, o segundo é tão real quanto a minha capacidade de o concretizar.

Paula Capaz

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